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Reascenda-me

Arquivo: 1 de Julho de 2016 Oi, tudo bem? Precisamos conversar. Não sei muito bem por onde começo... Para falar a verdade não sei nem se deveria começar. Foram inúmeras as vezes em que pensei em fazer isso, mas algo sempre me impediu. Uma intuição sempre me disse: não cometa o mesmo erro pela terceira vez. Queria que não fosse assim, que não fosse um erro. Eu ainda tenho medo de arranjar problemas e me decepcionar, afinal temos um tipo de relação proibida. Acontece que, diversas vezes, você vem do nada na minha cabeça e eu não consigo te tirar dela. Como minhas opções de refúgio não são tão variadas, acabei finalmente criando coragem e decidindo falar de você, pra você. Lembra quando, numa mensagem, você me propôs uma conciliação? “Podemos ser amigos. Não de proximidade, mas de consideração”. Na época eu recusei, mas até que seria uma boa ter alguém do seu tipo agora, me ajudaria a resolver uns problemas. Afinal esse era o seu forte: ouvir e aconselhar, sem papas na língua. E não é que

Eu já te quis um dia

Arquivo: 10 de Setembro de 2017 Houve um tempo em que o certo e errado não me abalavam, não pesavam minhas decisões. Houve um tempo em que viver era o foco, sem limites, sem inibição, apenas momentos. Não comuns, mas momentos de euforia, arrepios, frio na barriga. Houve um tempo em que meu coração era regido pela atração, pela possibilidade, pelo "será?". Ô tempinho bom! A excitação do proibido, os sabores diferentes, os toques singulares... Como eu encarava os segredos revelados, os olhares curiosos e as ofensas silenciosas? A gente encara sorrindo pra si, com a glória da experiência. Percebi a mudança quando nos vimos naquela festa e recebi sua mensagem, um 'olá' que nunca é só um 'olá'. É um "estou com saudades", "vamos nos encontrar". Percebi a mudança quando não senti vontade de te responder, nem de te encontrar. Não me deixou ansiosa e pensativa, não me fez largar quem estava do meu lado, quem sempre esteve. Afinal, errar uma vez é pe

Em primeiro lugar, escolha-se

Arquivo: 21 de Fevereiro de 2018 Um dia eu escrevi sobre escolhas e o quanto elas pesam em nossas vidas. Escrevi sobre as minhas opções e sobre a minha decisão. Também escrevi sobre a possibilidade de estar errada e hoje estou aqui para dizer que errei. No começo, quem é que adivinha, não é mesmo? O amor é um tiro no escuro: mirei para o mais estável e depois reclamei de tanta monotonia. Pois é, foram inúmeras vezes em que passou pela minha cabeça “está tudo bem”, mas nos meus olhos haviam lágrimas. Era uma forma de aguentar firme e relevar, como se repetir aquilo para mim mesma tornasse as coisas mais fáceis. Só que não tornou e a verdade é que eu não tinha mais motivos para sofrer por uma relação que nasceu com prazo de validade. Então os cacos caíram.  Quando não te escolhi, você me bloqueou. Te mandei mensagens, mas o sinal de 'recebida' nunca chegava. Não é que eu mereça uma resposta, mas não adianta bloquear nas redes o que o coração não evita. Porque, eu sei, você ainda

O porteiro amigo

Saí do carro com a chuva de verão caindo não me importando com os pingos gélidos que percorriam minhas costas nuas por aquele macacão preto. Torcendo pra não ser meu amigo porteiro, porque embora seja amigo, não deixaria de ser também embaraçoso. Olhei para a portaria que conheço de cor e salteado, agora reformada, com porcelanato ao invés de madeira e móveis modernos ao invés de peças antigas. Era ele. Cabelos ralos e brancos, a camisa azul de sempre. Sorriu, também um pouco embaraçado, e puxou uma conversa qualquer. Disse, como quem joga verde para vasculhar o terreno: Veio passear um pouco? Respondi, como quem quer soar casual para não pesar o momento: Vim aproveitar o feriado. Mas ele sabia. viu nos meus olhos castanhos como castanhas a excitação de uma jovem apaixonada que não quer só passear um pouco no 104, mas que quer tornar essa e outras conversas muito mais frequentes. Subi o elevador, portas agora renovadas, torcendo pro seu turno acabar antes de eu partir. Porque embora se

Eu te amei em silêncio

Eu quase disse que te amava e eu já amava, mas ao escrever aquele parabéns, achei melhor usar a imparcialidade das palavras. Ainda bem porque você nem mesmo gostava de mim. Eu ainda não estou pronta pra falar sobre o assunto. Palavras vem e vão, pensamentos vem e vão, mas tudo fica tão confuso que não consigo formular nada. Então se você está lendo é porque finalmente consegui. Existem sentimentos bons e também existem sentimentos ruins. Tem a memória que me assombra e às vezes finjo que nada aconteceu. Finjo que estou no trabalho e você ainda vai vir me buscar. E tem a raiva  porque enquanto tudo isso acontecia e parecia perfeito, eu fui só uma válvula de escape. A parte que mais doeu  foi ouvir que o que eu mais amava foi o que te afastou: o cuidado. Porque amar é cuidado  e eu não sabia que eu demandava tanto. Agora fico com isso na cabeça, interiorizando traumas antigos sobre o fato de ninguém querer me cuidar. Não como se eu não soubesse fazê-lo sozinha, mas às vezes eu sinto tant

Desculpa se eu fugi

Arquivo: 06 de Março de 2018 Uma vez você postou: "sei lá". Tínhamos acabado de terminar. Tanta coisa mudou, mas esse termo nunca nos deixou. Sei lá se amo, sei lá se fico, sei lá se vou. Sei lá se existo, na verdade. E não é pose de quem quer chamar atenção ou acabar com tudo por alguém. É sobre acabar com tudo por mim. Eu olho para o passado, para as últimas semanas, e não me lembro do último dia em que me senti feliz. Quando me senti como se o mundo conspirasse a meu favor. Agora eu sei: até nos momentos em que essa sensação esteve presente, não era real. Porque eu nunca estive tão em sintonia com a vida como hoje. Eu nunca disse tanto o que eu realmente quis dizer, eu nunca fiz tanto o que eu realmente quis fazer. E ainda assim, parece não ser o bastante, parece não ter sentido. Há momentos em que a esperança vem, mas tenho tanto medo de perdê-la que é nessa fração de segundo que ela expira. Achei que fosse culpa da TPM, mas não é. Então, eu resolvi fugir um pouco. Do nad

A saudade de hoje e de todos os dias

AVISO - 18+ Arquivo: 20 de Março de 2018 Qual foi a saudade de hoje? Bem, se quer realmente saber a minha resposta, tira já a máscara do pudor. Você sabe, eu não sou mulher de nojinho.  A meta da semana foi me controlar, segurar por um tempo essa vontade maluca de me encharcar de você.  Só que a verdade é que não consigo passar mais de setenta e duas horas com esse vazio, literalmente. Então, falhando na tentativa de opressão, cedi aos meus dedos. Embora saiba que eles não passam nem perto do que você me oferece, foi o que restou nessa distância psicológica. Relaxei na cama e pensei. Quando se tem o que já experimentamos, não preciso de vídeos com gemidos ensaiados. Analisei em retrospectiva momento por momento. Revivi sua voz alterada de tesão pedindo pra eu tirar minha blusa, enquanto os olhos percorriam o corpo pela primeira vez despido. Revivi seu toque por debaixo do sutiã, a princípio sutil, tornando-se brusco pela ânsia de querer mais. Revivi minha mão, te apertando, todo pulsan