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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Desculpa se eu fugi

Arquivo: 06 de Março de 2018 Uma vez você postou: "sei lá". Tínhamos acabado de terminar. Tanta coisa mudou, mas esse termo nunca nos deixou. Sei lá se amo, sei lá se fico, sei lá se vou. Sei lá se existo, na verdade. E não é pose de quem quer chamar atenção ou acabar com tudo por alguém. É sobre acabar com tudo por mim. Eu olho para o passado, para as últimas semanas, e não me lembro do último dia em que me senti feliz. Quando me senti como se o mundo conspirasse a meu favor. Agora eu sei: até nos momentos em que essa sensação esteve presente, não era real. Porque eu nunca estive tão em sintonia com a vida como hoje. Eu nunca disse tanto o que eu realmente quis dizer, eu nunca fiz tanto o que eu realmente quis fazer. E ainda assim, parece não ser o bastante, parece não ter sentido. Há momentos em que a esperança vem, mas tenho tanto medo de perdê-la que é nessa fração de segundo que ela expira. Achei que fosse culpa da TPM, mas não é. Então, eu resolvi fugir um pouco. Do nad

A saudade de hoje e de todos os dias

AVISO - 18+ Arquivo: 20 de Março de 2018 Qual foi a saudade de hoje? Bem, se quer realmente saber a minha resposta, tira já a máscara do pudor. Você sabe, eu não sou mulher de nojinho.  A meta da semana foi me controlar, segurar por um tempo essa vontade maluca de me encharcar de você.  Só que a verdade é que não consigo passar mais de setenta e duas horas com esse vazio, literalmente. Então, falhando na tentativa de opressão, cedi aos meus dedos. Embora saiba que eles não passam nem perto do que você me oferece, foi o que restou nessa distância psicológica. Relaxei na cama e pensei. Quando se tem o que já experimentamos, não preciso de vídeos com gemidos ensaiados. Analisei em retrospectiva momento por momento. Revivi sua voz alterada de tesão pedindo pra eu tirar minha blusa, enquanto os olhos percorriam o corpo pela primeira vez despido. Revivi seu toque por debaixo do sutiã, a princípio sutil, tornando-se brusco pela ânsia de querer mais. Revivi minha mão, te apertando, todo pulsan

As quatro estações

Arquivo: 17 de Agosto de 2016  Dizem por aí que não importa se faz chuva ou sol, quem torna nossos dias felizes somos nós mesmos. Isso é verdade, porque durante um grande período andei na contramão; enquanto lá fora fazia quarenta graus, por dentro eu estava gélida. O motivo foi uma tempestade repentina que surgiu na minha vida, um inverno que tem nome e sobrenome. Eu nunca as evitei porque o cheiro da chuva me alucina. Permiti que ele se aproximasse e que fizesse o que tinha pra fazer, não protegi meu coração. O problema é que essas tormentas sempre vão embora. Mesmo que os raios tenham sido os mais incríveis e o assovio do vento nas árvores tenha sido a melhor melodia já ouvida, os destroços ficam pra trás e você, sozinha, terá que lidar com eles. Depois de juntar todos os cacos e depois de alguns meses tentando reconstruir meu lar, finalmente pude sentir outra vez a pele aquecer. O contraditório é que já não estávamos mais no verão, e mesmo assim ele tomou conta de mim sem dar impor

Por que será?

Entrei no elevador, mais um dia que te vejo, nada novo na verdade. Subindo, aquele cheiro que invade: manjericão. Dou boa tarde, ela também. Me seguro e não consigo, preciso elogiar. Eu amo cheiro de manjericão! Ela diz que está fresquinho puxa um talo e me passa. Inalo, fecho os olhos e me vejo naquele jantar. Enquanto você se exercita eu danço na cozinha cantarolando e enrolando maços pra picar, exercendo o linguagem do amor que mais me encanta. Você chega, me dá beijo e vai pro banho, já estou no finalzinho. Nos sentamos, ansiosa. Surpreso, você diz: Caramba, ficou uma delícia! Eu sorrio satisfeita porque ficou mesmo, afinal, tinha manjericão por cima. Suspiro devolvendo o tempero para aquela senhora no elevador. Eu amo manjericão. Por que será?

A carta

Há dez meses eu escrevi uma carta. Sempre me imaginei escrevendo ela. Seriam palavras de despedida, mas na verdade se tornou um pedido de ajuda. Eu evito essa carta. Não é como se eu me arrependesse de ter escrito. É que tanta coisa muda em dez meses e eu não quero revisitar quem eu fui.  Não quero lembrar a minha mente do que eu sentia e correr o risco de sentir de novo. Mas hoje eu revisitei. Com muita hesitação, deu certo. Acho que faz parte do processo cutucar essa ferida, abraçar esse leão que às vezes ainda ouço rugir. Bem de longe, bem fraquinho. Até coloquei a carta na minha lista de coisas para falar com a minha terapeuta, espero que ela não se desaponte. Quero escrever novas cartas. Perdoar quem eu fui há dez meses e há dez anos. Percebo que as feridas não se curam, não pra mim. Elas vão estar ali, e vez ou outra eu preciso cutucar, trocar o curativo, e me lembrar que fingir que elas não existem, não é nenhum remédio.

Alma leve, coração tranquilo

Arquivo: 23 de dezembro de 2016 Há poucos minutos eu estava assistindo The Vampire Diaries, tentando colocar a série em dia. Não sou daquelas que se trancam no quarto  para atualizar a Netflix q uando a tarde está linda , mas a minha mente tem buscado distração. Não sei se há distração melhor do que se infiltrar num enredo vampiresco e sentir-se uma Elena Gilbert. Mudando o foco dos problemas, os nossos somem. Só que essas escapadas não são eternas. Logo o corpo pediu tempo, e a mente se atiçou. Estou com medo de dormir. Não pela escuridão, por algum inseto ou um filme de terror. Estou com medo de dormir por sua causa. Devo admitir que no momento os pesadelos são minhas menores preocupações. Imaginar seu descaso e sua caminhada sem mim não se comparam com a tortura dos bons sonhos. Aqueles em que você me procura, diz que me ama e que tudo vai ficar bem de novo. Aqueles em que sinto com uma realidade inacreditável o seu toque, seu beijo, sua presença. Aqueles em que eu acordo cheia de e

Recomeços

Arquivo: 07 de novembro 2016 Adoro domingo. Sou do tipo de pessoa que concorda com o fato da semana iniciar-se por ele. Raramente chove e, embora a minha família não seja assim, traz o sinônimo de união. É o melhor dia para um recomeço. Afinal, quantos recomeços a gente vive por ano? Já parou pra pensar nisso? Não sei você, mas quatro vezes por mês eu me despeço dos meus sábados na certeza de que no dia seguinte vou poder me renovar, vou poder reforçar meus laços de afeto, refazer os desfeitos, vou ter mais uma chance de ser melhor. Porém, existe um porém. Nenhum restart é deixado à deriva, como se a onda e a força da correnteza fossem trazê-lo naturalmente de volta à praia. Nenhum restart é natural, são forçados por términos de relacionamentos, términos de amizade, morte, enfim, alterações repentinas e desagradáveis. Tão forte quanto vêm, precisam ser encarados. Então, seja forte. Não adianta seguir em frente na mesmice achando que tá recomeçando. Pra mim sempre foi desse jeito, como

Confiar Cegamente

Arquivo: 27 de abril de 2016 Querido Amor, Dentre tantos desejos que perturbam esse pobre coração que vos fala, o maior é encontrá-lo. Não da maneira convencional, como uma leve brisa que arrepia a pele e faz os olhos brilharem, mas sim um encontro franco, cara a cara, olho no olho. Nunca fui muito boa com o emprego dos “porquês”, mas nosso diálogo esclareceria sutilmente essas dúvidas ortográficas, afinal, pergunta é o que não falta. Exagerada? Sim! Jogada aos teus pés? Sim! Eu adoro um Amor inventado, como Cazuza. Há um tempo criei uma tese a respeito do ato de amar: as pessoas são masoquistas, são prisioneiras libertas do Amor. Faz sentido? É como estar trancafiado numa jaula e ter a chave na mão; você pode se libertar, mas não quer, porque ali é o seu canto, sua zona, seu porto seguro. Nessa jaula há momentos bons e ruins, tempestades e dias de sol, mas ao invés de procurar um abrigo de verdade preferimos crer que um compensa o outro, estabilizando e mantendo o equilíbrio. Amor, is

Se Encontra

Arquivo: 11 de fevereiro de 2016 E então chega o momento em que você se olha no espelho e se pergunta: quem sou eu, de onde eu vim, onde estou e para onde vou? Muitas perguntas? Não... Apenas muitas respostas. Distintas, confusas e contraditórias. Você pensa no seu último ano. Nas suas descobertas, segredos, nas suas “não conquistas”. É triste e frustrante admitir que partes desses 365 dias foram perda de tempo... Minto! É triste e frustrante admitir que você se perdeu. Deixou de cultivar o que gosta verdadeiramente, quem gosta verdadeiramente. Cogitou abrir mão de sonhos importantes por sonhos não tão importantes assim. Aceitou dar uma volta no parque e esqueceu o caminho de casa. Estacionou no comodismo quando estacionar não nos leva a nada. Como diz o ditado: “cão que ladra, não morde”. Pare de ladrar e morda, arranhe, estraçalhe. Planos no papel não criam pernas sozinhos, é você quem os torna realistas. Antes tarde do que nunca. Quem não arrisca não petisca. Se acomode ou se incomo

Falei de você na terapia - Parte 1

Quase como um convite ele chegou bem de mansinho. Não entendi ao certo o motivo: se queria ver como eu estava, se queria se reaproximar, se queria tentar voltar de onde paramos. Um convite literal que pede licença, e  eu te dei. Não que eu quisesse ver como você estava ou tentar me reaproximar ou continuar de onde paramos. Acho que eu só queria te dar dessa vez o benefício da dúvida. E então você usou bem essa chance porque ao invés de ficar parado sem falar nada como antes, você disse. Vomitou todas aquelas palavras e pensamentos dizendo que falou de mim na sua terapia. Eu também falei de você na minha. Falei sobre os encontros esquisitos, s obre a inconstância que me irritava. E sabe o que ela respondeu? "Sua régua está baixa demais." E estava mesmo, porque não, eu não te pedi aquele romance todo. Eu pedi um pouco de intimidade, p edi um pouco de entrega, pouco. E sinto muito se isso te parece muito. Não era, é que eu sou assim mesmo. E sempre sinto tudo, sinto muito, até o