Confiar Cegamente

Arquivo: 27 de abril de 2016

Querido Amor,

Dentre tantos desejos que perturbam esse pobre coração que vos fala, o maior é encontrá-lo. Não da maneira convencional, como uma leve brisa que arrepia a pele e faz os olhos brilharem, mas sim um encontro franco, cara a cara, olho no olho.

Nunca fui muito boa com o emprego dos “porquês”, mas nosso diálogo esclareceria sutilmente essas dúvidas ortográficas, afinal, pergunta é o que não falta. Exagerada? Sim! Jogada aos teus pés? Sim! Eu adoro um Amor inventado, como Cazuza.

Há um tempo criei uma tese a respeito do ato de amar: as pessoas são masoquistas, são prisioneiras libertas do Amor. Faz sentido? É como estar trancafiado numa jaula e ter a chave na mão; você pode se libertar, mas não quer, porque ali é o seu canto, sua zona, seu porto seguro.

Nessa jaula há momentos bons e ruins, tempestades e dias de sol, mas ao invés de procurar um abrigo de verdade preferimos crer que um compensa o outro, estabilizando e mantendo o equilíbrio. Amor, isso é amar? Se for, amar quem? A si próprio ou ao outro? Isso é a base para amar a vida toda? Ser compreensível com um toque de burrice?

E tem mais: a probabilidade de uma pessoa ganhar na loteria é uma em cinquenta milhões e a probabilidade de uma pessoa encontrar “o Amor da sua vida” é uma em sete bilhões. Será que estou fazendo minhas apostas na escolha certa? Ou “o Amor da minha vida” está soltinho por aí me esperando? E se eu já estiver com “o Amor da minha vida” e só perceber isso quando o perder? Afinal, o que é e como é amar?

Tudo bem, chega de perguntas. Não vou saber porque você não vai me responder e no final das contas só vai nos restar confiar cegamente.

Com grande sentimento de derrota,

Um Coração Amargurado.

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