Postagens

Mostrando postagens de junho, 2023

O texto que eu separei sobre você e sobre o quanto eu sentia raiva

Você me faz sentir raiva de você, de mim, e dos outros que vieram depois de você. Uma raiva que me faz arrepiar, chorar e querer gritar. Mas eu não posso gritar, então o alívio não vem. Pelo contrário. Cada vez mais eu me sinto agoniada e confusa. Porque eu tentei ser clara, e isso só deixou tudo mais turvo. Não imaginava que a essa altura do campeonato eu fosse me apegar a alguém tão incompatível, inconsistente, imprevisível. Você está me evitando pra não se apegar também? Ou só é essa pessoa, que dizia e agia da forma que convém? Enquanto eu fui transparente pra no final me sentir inconveniente. Eu só não quero mudar e me blindar mais uma vez por alguém que não merece nada. Nem as partes boas, nem a minha raiva.

Me abrace

Eu viro na cama de um lado para o outro. Já sei como vai ser. Meu coração vai disparar, o choro vai vir, e o sono vai embora. Lembro de você me abraçando naquela madrugada enquanto dormíamos juntos. Aí me pergunto: "Quando vou sentir de novo?" Mas não sei se quero sentir. Porque o que fica depois, nas noites solitárias como essa, é doloroso demais. Penso nele, naquele que te contei sobre. Penso no quanto nos tínhamos todos os dias e todas as noites. Sinto falta da presença, só que não do abraço, até porque ele não me abraçava. Você me abraçou, mas só por uma noite também, então não são tão diferentes assim. Não penso mais nos abraços dados e não dados. Penso só naquela bexiga. Murchando e murchando. Até o meu coração se acalmar e o sono aparecer.

Dois meses

Há dois meses eu tinha pensado em te chamar para o meu aniversário. Eu te imaginei lá com os meus amigos. Eu me imaginei dizendo o quanto você me fazia bem. Mas aí os dois últimos meses aconteceram. Eu me obriguei a me distanciar porque você estava distante e sequer me disse o motivo, mesmo quando eu perguntei. Você sequer me deu 'parabéns'. Até que na última segunda, como nosso costume antigo, eu te chamei e você veio. Tomamos vinho, conversamos sobre os mesmos assuntos. Eu esperei que você mencionasse algo sobre esses dois meses, mas você escolheu agir como se nada tivesse acontecido. Então eu entrei na sua e nem foi difícil. Reparei nos seus olhos cansados, no seu descontrole em querer trocar de música a todo instante, nas suas conquistas, que são só suas e eu não tenho o direito de julgar, mas seus olhos não brilhavam. Você só vomitava palavras como quem vive uma vida desgostosa e para a rotina por duas horas pra sentir prazer com alguém que conheceu há dois meses. Você nun

Não me deixe mais sozinha do que o necessário

Não ficar mais sozinha do que o necessário. Foi isso o que eu pedi, e eu não estava pedindo muito. Já imaginava que esse recomeço teria um certo peso, que talvez te fizesse se sentir um pouco pressionado. Por isso planejei um discurso sobre não querer sua preocupação, sobre levarmos de uma forma leve e transparente, só pra esse novo 'eu' não te assustar. O discurso não saiu exatamente como eu queria, o que não me chateou, porque estou tentando seguir o conselho da minha taróloga de não ser tão neurótica com coisas planejadas minuciosamente. Em vez disso fui sucinta e você pareceu entender onde eu queria chegar: numa relação com apego, até certo ponto, até o ponto certo. Um pequeno deslize me mostrou com quem estou lidando. Com alguém que não vai me deixar sozinha, nos momentos bons. Só que nos momentos estranhos e delicados, você vai estar mais preocupado com a possibilidade de termos um vínculo eterno do que comigo, de fato. E não foi só a sua reação imediata que me mostrou is

Eu já parti

"Isso precisa partir de você." Cinco palavras inofensivas quando ditas de forma isolada, ou em conjunto, desde que não venham da sua boca.  Porque quando me atingiram, elas soaram sim muito ofensivas, uma desfeita que diz:  eu sei que você espera que eu seja como eles, mas estou te dando todo o poder de decisão. O problema é que eu não sei lidar com esse poder, ainda.  É só estalar o dedo? É só mandar uma mensagem?  É só me entregar, que você também vai se entregar, fazendo todos os absurdos deliciosos que sondam a minha imaginação? Eu penso em você o tempo todo. Sinto minha pele se arrepiando, sabendo que é por sua causa.  Sinto toques e finjo que são seus, mas não são, porque eu ainda não parti.  Sinto meu corpo tremendo, como na primeira vez que você me fez sentir isso, sendo que dessa vez não é a sua boca em mim. Você me julgaria como estou me julgando?  Me culparia como eu me culpo?  Porque esse ar solene me dando tudo não vai ser pra sempre. É o padrão, lembra?  Uma hor