Falei de você na terapia - Parte 1
Quase como um convite
ele chegou bem de mansinho.
Não entendi ao certo o motivo:
se queria ver como eu estava,
se queria se reaproximar,
se queria tentar voltar de onde paramos.
Um convite literal que pede licença,
e eu te dei.
Não que eu quisesse ver como você estava
ou tentar me reaproximar
ou continuar de onde paramos.
Acho que eu só queria
te dar
dessa vez o benefício da dúvida.
E então você usou bem essa chance
porque ao invés de ficar parado sem falar nada como antes,
você disse.
Vomitou todas aquelas palavras e pensamentos
dizendo que falou de mim na sua terapia.
Eu também falei de você na minha.
Falei sobre os encontros esquisitos,
sobre a inconstância que me irritava.
E sabe o que ela respondeu?
"Sua régua está baixa demais."
E estava mesmo, porque não, eu não te pedi aquele romance todo.
Eu pedi um pouco de intimidade,
pedi um pouco de entrega,
pouco.
E sinto muito se isso te parece muito.
Não era,
é que eu sou assim mesmo.
E sempre sinto tudo, sinto muito, até o fundo,
como você mesmo falava.
E aqueles textos
que foram expostos em três partes
mascarados pelo signo que eu fujo,
não eram mentiras
e nem eram verdades.
Eram o misto do que eu criei de você.
Eu sempre faço isso,
eu sempre vou fazer isso.
Você pode me ter, a gente pode se divertir.
Mas eu vou te ter também,
única e exclusivamente na minha cabeça
e eu vou me divertir com muitos outros textos
e muitas outras criações das suas versões que são inalcançáveis.
Já que o pouco é limitante demais.
Já que a minha régua finalmente subiu.
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