Eu te amei em silêncio

Eu quase disse que te amava
e eu já amava,
mas ao escrever aquele parabéns,
achei melhor usar a imparcialidade das palavras.
Ainda bem
porque você nem mesmo gostava de mim.

Eu ainda não estou pronta
pra falar sobre o assunto.
Palavras vem e vão,
pensamentos vem e vão,
mas tudo fica tão confuso
que não consigo formular nada.
Então se você está lendo
é porque finalmente consegui.

Existem sentimentos bons
e também existem sentimentos ruins.
Tem a memória
que me assombra e às vezes finjo que nada aconteceu.
Finjo que estou no trabalho e você ainda vai vir me buscar.
E tem a raiva 
porque enquanto tudo isso acontecia
e parecia perfeito,
eu fui só uma válvula de escape.

A parte que mais doeu 
foi ouvir que o que eu mais amava
foi o que te afastou:
o cuidado.
Porque amar é cuidado 
e eu não sabia que eu demandava tanto.
Agora fico com isso na cabeça,
interiorizando traumas antigos
sobre o fato de ninguém querer me cuidar.
Não como se eu não soubesse fazê-lo sozinha,
mas às vezes eu sinto tanta falta
de não pensar em nada
e só ser cuidada.

Enquanto você me busca,
faz o drink e a janta,
diz que comprou uma sobremesa
e é pêssego
(minha fruta favorita,
porque você se lembrou).
Escolhe o filme, pega a manta.
Me oferece seu ombro pra que eu possa recostar,
suspirar,
e me sentir cuidada.
E amada.

A parte que eu mais amava
foi a que te afastou
e não existe um dia em que não me culpe por isso.
Toda essa mágoa,
sei que afeta os próximos,
porque eu sequer consigo olhar pro meu corpo
sem ver a garota indefesa que você me fez me sentir.
E enquanto eu me olho
choro um pouco
porque aquelas palavras entaladas na garganta
ainda estão aqui.
No silêncio,
eu continuo te amando.

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