Geminiano - 2/3

Cansada de esperar, digo a mim mesma que é isso.
Voltamos a ser estranhos.
Paro de me perguntar se fiz algo errado,
paro de olhar o celular a cada vez que ele vibra.

Será que eu mando uma mensagem?
Mas é a sua vez de ceder.
Será que eu quero ler a resposta?
Porque a dúvida é tão confortável.
Torturante, mas ainda assim, uma zona segura.

Arquivo novamente a nossa conversa e
tento me concentrar no trabalho.
Me lembro que mais tarde vou naquele encontro literário.
Talvez eu leia algo que escrevi.

As horas passam e eu finjo estar menos desapontada do que pareço.
Caminho até a sala de leitura, sento e espero.
Mais uma vez cansada de esperar.

Observando os outros chegarem, noto um rosto estranho e familiar.
Estranho para o contexto, familiar nos meus pensamentos de mais cedo.
Me lembro que te disse do encontro,
me lembro que você disse que também gostava de ler.

Calmamente, se senta do meu lado com aquele sorriso malicioso e covinhas aparecendo.
Só fala:
“Desculpa te fazer esperar, eu queria fazer surpresa”.

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