De P para N

21 de Agosto de 2016

N.,

Ontem foi seu aniversário. Estávamos brigados, ainda estamos, mas eu não consegui agir com indiferença. Não consegui simplesmente evitar a data e seguir para o próximo dia. Mandei mensagem uma e sete da manhã. Nada demais, uma palavra e uma carinha. Estava rondando o terreno, verificando o nível da sua decepção ou, até mesmo, da sua raiva.

Não adiantou. Meu pequeno gesto foi visto como falta de consideração, e eu sinto muito. Aquele não era o meu verdadeiro voto de felicidade; o real está aqui.

Há poucas semanas eu procurava um amor que ouvisse minhas músicas favoritas comigo. Em seguida o universo, bondoso como é, me trouxe você. Me trouxe alguém que presenteia com livros, que manda mensagens fofas após os encontros, que envia letras na hora de dormir.

Sei que nem tudo foram maravilhas, ainda mais considerando nosso último desentendimento, mas há momentos bons a serem recordados. A conexão, a entrega. Guarde essas lembranças no seu coração e continue sem olhar pro passado, mesmo que eu esteja nele.

Porque esse novo ciclo que se inicia – os vinte e seis anos, a mudança de cidade e rotina, o “olá gastronomia” – deve ser o seu foco. Não posso ser uma distração, pois por mais que tentássemos caminhar juntos nessa jornada, estaríamos descalços e as pedras machucariam nossos pés.

Nossos pontos de vista sobre a atual situação são diferentes, mas acredite, assim é melhor. Tenho certeza que ainda vamos nos reencontrar. Talvez não com o mesmo nível de vínculo, mas não estou dando importância para isso.

Então, saiba que nesses 122 dias você passará muitas vezes pela minha cabeça, assim como passou desde que surgiu na minha vida. Saiba que você foi o mais incrível, nos aspectos ditos e não ditos. Saiba que toda vez que eu ouvir Mumford & Sons, me lembrarei de I Will Wait. Saiba que eu também te esperarei, te aguardarei, ansiosa e loucamente.

Com carinho, P.

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