Eu só quero dizer que foi especial

24 de Novembro de 2017

“Hey, está podendo falar?”. Pensei em começar assim uma conversa entre a gente na última quarta, às 22:35. Tenho a terrível mania de cultivar amizades proibidas, mas o que posso fazer se essas são as melhores pessoas? As que te conhecem, que te ouvem, te decifram. E por mais que haja um clima imenso entre nós, você não me negaria a palavra.

De todo modo, decidi não mandar a tal mensagem. Não quero ser a pessoa que julgo cometendo os mesmos erros. Às vezes acho que não sou tão diferente dela, esbanjando equilíbrio quando por dentro estamos um terrível caos. Será que ela se sente sozinha, com raiva? Será que seríamos amigas em um contexto diferente?

Sinto falta de falar sobre isso e todos os outros assuntos com alguém. Aquela série imperdível que você me cobrava e eu dizia “vou assistir”, bem, estou na terceira temporada. E agora que assisto sequer podemos discutir o quanto a história é excitante.

O que, entre nós, não foi dessa forma? Excitante. Não tem a ver com o seu corpo dentro do meu, tem a ver com o quanto você me notou, à distância, quando quem está ao meu lado não nota.

E olha, isso não é pra te deixar confuso, é pra esclarecer. Sei que combinamos algo que eu desfiz voltando ao passado, uma paixão que insisto ainda sentir. Acho que preciso quebrar a cara mais um pouco para então estar pronta, até não haver esperança. Só lamento a falta de franqueza que te devia e, por vergonha, escolhi fugir.

Não é particularmente com você, entende? Não sou franca comigo mesma, tentando acreditar na mentira que conto dia após dia. Vivendo cinquenta por cento, colocando o medo na frente de tudo. Há momentos em que quero fugir não só das situações, mas de mim. E se isso acontecer, se a minha coragem e covardia chegarem a esse nível, não posso partir sem você saber que foi especial.

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