Você vale trinta segundos do dia de alguém?

Quando li a sua mensagem, falei pra mim mesma que estava tudo bem. A primeira decepção viria de novo e eu já não sou mais tão fraca assim. Eu tinha um sábado pela frente pra sair com os amigos e não ia deixar aquilo me abalar. E eu não deixei. Fiz piada sobre a situação e bebi na tentativa de seguir o fluxo da vida. Até conheci algumas pessoas naquela noite, não deixou de ser divertido. 

Mas ontem eu percebi que estava fazendo aquilo de novo, estava jogando uma situação e um sentimento pra debaixo do tapete, evitando sentir só porque não é um bom sentimento. Te evitando porque ainda me lembro de como você me deixava viva. Eu sou mestre em fazer isso, em fingir que nada existiu. Mas tudo existiu, todas aquelas conversas e aqueles momentos. Você existiu, não foi só uma ilusão na minha cabeça.

Mais uma vez fico me martirizando com questionamentos sobre qual momento eu me tornei descartável. De repente estou em dois mil e dezessete, como aquela garota buscando aprovação e medindo as palavras. Eu odeio isso de se esforçar para ser quista. Foi algo que eu disse, ou fiz? Foi algo que eu escrevi sobre você, e sobre o quanto eu estava emocionalmente envolvida? 

Se escondendo atrás do seu sumiço, da sua demora de três dias pra me responder algo simples, do seu cancelamento do nosso próximo encontro, eu entendi. Porque é isso, num piscar de olhos eu não valho mais trinta segundos do seu dia para uma mensagem de texto. E quando você me responde, eu não me importo de ser rápida ou passivo-agressiva. Eu não me importo de estragar tudo, porque tudo já está estragado.

E todas aquelas coisas que a gente queria fazer, eu digo a mim mesma que posso lidar sozinha. Eu posso lidar sozinha com o fato de que todas, repito, todas as vezes que eu te via, eu pensava: ele está mesmo aqui? Eu posso lidar sozinha com o fato de que te olhar era a coisa mais embriagante que qualquer bebida que eu procure. Eu posso lidar com o fato de que por mais que eu tente te odiar, eu não consigo. Eu preciso lidar com isso, aceitar que a saudade boa ainda existe, mesmo que você tenha encontrado outra pessoa.

Ao invés de te ignorar ou de tentar incansavelmente te transformar em algo ruim, só me resta assistir à nossa lista de filmes, ir aos lugares que planejamos, falar seu nome enquanto acordo. Até estar totalmente lúcida. Até perceber que não é mais você ali.

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